A indústria da moda enfrenta um dos seus maiores desafios: a superprodução. Em 2023, estima-se que entre 2,5 e 5 bilhões de peças de vestuário foram produzidas em excesso, resultando em perdas de vendas entre US$ 70 bilhões e US$ 140 bilhões. Esse excedente não apenas representa um impacto financeiro significativo, mas também contribui para problemas ambientais, como o aumento de resíduos têxteis e emissões de gases de efeito estufa.
Para combater a superprodução, muitas marcas estão adotando ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para prever a demanda com maior precisão. A Inflow, por exemplo, oferece soluções baseadas em IA que analisam dados em tempo real, tendências de consumo e comportamentos de compra para prever a demanda com precisão. Isso permite uma produção mais eficiente e alinhada às necessidades reais do mercado.
A Zara é um exemplo de marca que utiliza IA para otimizar sua cadeia de suprimentos. A empresa integra ferramentas de previsão de demanda que analisam preferências dos clientes, padrões de vendas e tendências emergentes, permitindo ajustar a produção de forma ágil e evitar o excesso de estoque.
A União Europeia está implementando regulamentações mais rigorosas para combater a superprodução. A partir de 2025, as marcas serão obrigadas a relatar a gestão de estoques excedentes, e a destruição de produtos não vendidos será proibida a partir de 2026.
Empresas que não se adaptarem a essas novas exigências enfrentarão não apenas sanções legais, mas também riscos à reputação. A destruição de roupas não vendidas tem sido uma prática comum na indústria da moda, mas está cada vez mais sendo vista como inaceitável pelos consumidores e reguladores.
Adotar modelos de negócios circulares, como aluguel, revenda e upcycling, pode ajudar a reduzir o excesso de estoque e promover a sustentabilidade.
A varejista britânica Selfridges lançou iniciativas de revenda e aluguel de roupas, oferecendo aos consumidores alternativas sustentáveis e prolongando o ciclo de vida dos produtos. A empresa tem como objetivo que 45% de suas transações sejam provenientes de produtos circulares até 2030.
Além disso, a Selfridges implementou o "Project Earth", uma estratégia de sustentabilidade baseada em três pilares: materiais, modelos e mentalidades. Essa iniciativa visa transformar práticas da cadeia de suprimentos, incentivar modelos de negócios circulares e promover valores focados na sustentabilidade entre funcionários e clientes.
A gestão sustentável de estoques é essencial para o futuro da indústria da moda. Integrar tecnologias avançadas, adaptar-se às regulamentações e explorar modelos de negócios circulares são passos fundamentais para reduzir o impacto ambiental e melhorar a eficiência operacional.
Empresas que adotarem essas práticas estarão melhor posicionadas para atender às demandas de consumidores conscientes e reguladores, além de contribuírem para um setor de moda mais sustentável e responsável.